4 de novembro de 2011

Ser Zen



Por Monja Cohen



Ser Zen não é ficar numa boa o tempo todo,

de papo para o ar, achando tudo lindo sem fazer nada.

Ser zen é ser ativo.

É estar forte e decidido.

E caminhar com leveza, mas com certeza.

É auxiliar a quem precisa, no que precisa e não no que se idealiza.



Ser zen é ser simples.

Da simplicidade dos santos e dos sábios.

Que não precisam de nada.

Nada mais que o necessário.

Para o encontro, a comida, a cama, a diversão, o trabalho.



Ser zen é fluir com o fluir da vida.

Sem drama, sem complicação.

Na hora de comer come comendo, sem ver televisão, sem falar desnecessário.

Sente o sabor do alimento, a textura, o condimento

Sente a ternura (ou não) da mão que plantou e colheu, da terra que

recebeu e alimentou, do sol que deu energia, da água que molhou, de

todos os elementos que tornam possível um pequeno prato de comida à

nossa frente.



Sente gratidão, não desperdiça.

Comer com alegria.

Para satisfazer a fome de todos os famintos.

Beber para satisfazer a sede de todos os sedentos.

Agradecendo e se lembrando de onde vem e para onde vai.



A chuva, o sol, o vento, o guarda, o policial, o bandido, o

açougueiro, o juiz, a feiticeira, o padre, a arrumadeira, o bancário e

o banqueiro, o servente e o garçom, a médica e o doutor, o enfermeiro

e o doente, a doença e a saúde, a vida e a morte, a imensidão e o

nada, o vazio e o cheio, o tudo e cada parte.



Ser zen é ser livre e saber os seus limites.

Ser zen é servir, é cuidar, é respeitar, compartilhar.

Ser zen é hospitalidade, é ternura, é acolhida.



Ser zen é o kyosaku - bastão de madeira sábia, que acorda sem ferir,

que lembra deste momento, dos pés no chão como indígenas, sentindo a

Terra-Mãe sustentando nossos sonhos, nossas fantasias, nossas dores,

nossas alegrias.



Ser zen é morrer.

Morrer para a dualidade, para o falso, a mentira, a iniqüidade.



Ser zen é renascer a cada instante.

Na flor, na semente, na barata, no bicho do livro na estante.

Ser zen é jamais esquecer de um gesto, de um olhar, de um

carinho trocado no presente-futuro-­passado.



Ser zen é não carregar rancores, ódios, cismas nem terrores.

Ser zen é trocar pneu, as mãos sujas de graxa.

Ser zen é ser pedreiro, fazendo e refazendo casas.

Ser zen é ser simplesmente quem somos e nada mais.



É ser a respiração que respira em cada ação.

É fazer meditação, sentar-se para uma parede, olhar para si mesmo.

Encontrar suas várias faces, seus sorrisos, suas dores.

É entregar-se ao desconhecido aspecto do vazio.



Não ter medo do medo.

Não se fazer ou, se o fizer, assim o perceber e voltar.

Ser zen é voltar para o não-saber, pois não sabemos quase nada.

Não sabemos o começo, nem o meio, muito menos o fim.

E tudo tem começo, meio e fim.



Ser zen é estar envolvido nos problemas da cidade, da rua, da comunidade.

É oferecer soluções, ter criatividade, sorrir dos erros, se desculpar

e sempre procurar melhorar.



Ser zen é estar presente.

Aqui, neste mesmo lugar.

Respirando simplesmente, observando os pensamentos, memórias,

aborrecimentos, alegrias e esperanças.



Quando?

Agora, neste instante.

É estar bem aqui onde quando se fala já se foi.

Tempo girando, correndo, passando, e nós passando com ele.



Sem separação.

Ser zen é Ser Tempo.

Ser zen é Ser Existência.



http://saintgermanchamavioleta.blogspot.com/

De: Antonio Coelho


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