13 de novembro de 2010

A SABEDORIA DO BAMBU



Eis que uma vez, o jovem monge Takaurana viajava em seus pensamentos, meditava em busca das respostas, respostas estas nunca alcançadas em plenitude. Certa vez, estes questionamentos foram tantos, que o jovem monge resolveu pedir conselhos ao seu Mestre. Na sua mente, dilatava uma idéia de como conseguiria atingir a iluminação, se nem mesmo conseguia atingir a Paz Interior. Nos seus momentos consigo mesmo, quando sentava em posição de lótus e buscava a iluminação com Buda, tudo ia bem, até que pensamentos oriundos do mundo lhe tomava a mente. Não conseguindo mais restabelecer a calma, tinha que parar a meditação. Ficava profundamente frustrado, por não conseguir estabelecer um contado duradouro com os Reinos de Luz. Depois de contar ao Mestre o quê acontecia, envergonhado, ele sentou no chão, choroso. Sentia-se inútil pela sua fraqueza. O Mestre, na sua infinita Sabedoria, o contemplava com compaixão. Nutria por Takaurana um amor de pai, algo que transcendia qualquer materialidade. Deixou o jovem monge chorar, deixou ele limpar sua alma daquele peso. Depois, levantou-se de sua cadeira, caminhou até Takaurana e limpou suas lágrimas. Observou que o jovem monge já havia se acalmado e pediu para que ele o acompanhasse. Ambos andaram até o terraço do templo, onde uma tempestade se desenrolava. Uma forte rajada de vento vinha do Sul, praticamente era um tornado. O Mestre disse para Takaurana observar a mata que era atingida pelo forte vento. Lá havia uma arvore frondosa, altiva, bem enraizada no solo. Logo um pouco abaixo, havia uma plantação de bambu. A arvore, quase não sentia a passagem do vento, apenas suas folhas e galhos mais fracos balançavam ao sabor do vento. Já o bambu, mexia e remexia com os golpes que o vento impiedosamente lhe aplicava. Observando isso, Takaurana disse ao Mestre:

- Os Bambus serão destruídos, Mestre. Eles não tem capacidade de oferecer resistência ao vento, diferente da arvore que é forte e bem resistente.

- Que lição você tira disso, meu discípulo?

- Que eu devo ser como a arvore. Forte, rígido, firme no chão. E não como o bambu, que é mole e flexível.

- Observe novamente, jovem monge.

O Mestre apontou para um detalhe. Takaurana procurou observar, e pode ver que o vento tinha virado um tornado. Este sugava tudo ao seu redor. O bambu, mole e flexível, rendeu-se ao vento, chegando á tocar o chão. Já a arvore, que estava sempre firme, quando recebeu este golpe de vento, acabou por ceder depois de alguma luta e foi jogada no chão, derrotada. Quando o vento já tomava uma forma assustadora, o Mestre aconselhou ambos á entrarem. Takaurana obedeceu o Mestre, mesmo estando assustado com o ocorrido. Assim que a tempestade terminou, o Mestre convidou o jovem monge a ir até o terraço. Uma vez lá, pediu para Takaurana observar a mata. Daí o jovem monge teve um susto. A arvore não estava mais lá! E o bambu, embora deitado e um pouco retorcido, ainda estava lá. Takaurana virou para o mestre, espantado pelo ocorrido, e antes dele falar algo, o Mestre o adiantou:

- A Arvore é você, o Vento, seus pensamentos. Se você for rígido e firme, uma hora cairá derrotado. Mas, se você for o bambu e souber ser mole e flexível, conseguirá vencer os pensamentos.
E o Mestre continuou:
- Desenvolva a Sabedoria do Bambu. Não ofereça resistência. Simplesmente permita que sua Mente divague. Chegará uma hora em que ela se cansará e neste momento, é você quem será vitorioso. Nada vence a Sabedoria do bambu, que é a constância, dedicação e a flexibilidade.

Depois deste ensinamento, Takaurana agradeceu ao Mestre e voltou ao seu quarto. Lá pôs o mais perfumado incenso, acendeu a mais bela vela, e pôs-se a meditar. Deste dia em diante, conseguir meditar todas as vezes, dando atenção aos pensamentos, mas não perdendo a direção da sua meditação.

“ Se permitimos que passem por nós, sem oferecermos resistência, mas não perdendo nosso objetivo, poderemos vencer sempre, pois nossa dedicação é ouro, a constância é prata e a flexibilidade é jade. Não permita que o atinjam, mas também não ofereça resistência, apenas desvie, e se sua dedicação for maior, vencerá pelo cansaço. Esta é a Sabedoria do Bambu.”

http://wwwzfestetica.blogspot.com/2009/11/licao-do-bambu.html

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